Sono profundo


Desperto do abismo
De meus sonhos sem sentido
E deitado sobre a grama
Na margem de um rio
Admiro as estrelas

Com meus dedos
Toco-te os pés
E escorregando pelas tuas coxas
Encontro tuas mãos
Aproximo nossos corpos
E te carrego nos braços

Deito-te num bote
E me ponho a remar
Pelas águas deste rio
Límpidas e serenas
E com uma gota entre os lábios
Tu nos iluminas

Abençoados pela lua
Nos aquecemos com um beijo
E alucinado com teus suspiros
Eu me afogo em teus cabelos

Suspirando em teu pescoço
De olhos entreabertos
Eu me entrego às águas
E entre um sorriso e um abraço
Tu vens de encontro com meus braços

Extasiados com o veneno do amor
Afundamos sem medo
Agora somos apenas um
Na mais infinita eternidade.

Devaneios de uma saudade


Em alguma tarde de dezembro
Em algum lugar no fim do mundo...
Estou aqui de braços cruzados
Esperando o trem das sete

Estou sem voz
Estou sem fé
E em minha mente
Tu me envenenas
Com teu sorriso
Com tuas mãos
E com tuas frases de amor

Numa tarde de dezembro
Ponho-me a caminhar descalço
Nessa terra de ninguém
Sinto o vento cortar-me a face
Sangrando-me uma lágrima

Em alguma tarde de dezembro
Enquanto as areias desérticas
Maltratam-me os pés
Palavras soltas e ao avesso
Fogem dos meus lábios

Louco e desapontado
Eu berro teu nome,
Recito-lhe um poema
Estendo-lhe a mão
Caminho sem destino
Canto-lhe uma canção

Numa pequena
Fração de tempo
Observando as nuvens
Lembro-me do teu nariz
Teus braços e mãos
Teus joelhos e quadris
Teus lindos pés!

E admirando o pôr do sol
Corro sem destino
A mil pés por segundo
Sedento de teu cheiro
De tuas unhas e dentes...
De tua carne!