Presente do Destino


Enquanto eu afogo minhas mágoas
Em sonhos, beijos e livros...
Passando as mãos sobre o relógio
O tempo te faz-me esquecer

Silenciosamente aflito
Ajoelhado, beijo tuas mãos
Mas o despertar de tuas pálpebras,
No resistir das trevas contra feixes de luz,
Como um imenso abismo entre nós,
Em nos afastar insiste

A angústia, flor de ingratidão,
Com minhas lágrimas correndo em seus pulsos
Cortados por afiados punhais
A tristeza impiedosamente rega.

Como um tenebroso castelo
O desespero sobre meu peito constrói-se
A cada anoitecer, quando lembro
Do dia em que pela última vez
Encontraram-se nossos braços
E no ardor do último abraço
Um anjo maldito nos separou!

E sobre meu túmulo,
Sentado à tua espera,
Lavando-me a alma
A chuva sobre minha face escorre
Sobre minha face desenhada
Pela inútil esperança...