Amargam-se
os anos
Tecidos
de saudade
Tão
guardados
Longe
dos beijos de um amor
Ou
dos abraços de um amigo
Longe
ainda do carinho dos avós,
De
um presentinho escondido,
Tão
perto essa saudade
Daquilo
que jaz longe fenecido.
Longe,
ao sul da pátria,
Salga-me
o peito o sal da saudade
Tão
perto, ao sul do Estado,
Dói-me
a saudade
De quem parecia ser
E
não foi de verdade.
Longe,
oposto ao mar,
Saudade
fria, saudade!
Com
cor azul da liberdade,
Branca
da igualdade
E
fraternidade vermelha.
Fraternidade
do beijo de irmão
Do
abraço fraterno,
Saudade-Futebol,
Saudade-verde,
Saudade-violão.
E
nos Alpes a saudade se fez poeta
Carregando
no vermelho a alva cruz,
E
dos passos de Jesus, fez-se a meta,
E
a meta fez-se a caridade,
Fez-se
o amor,
Fez-se
a solidariedade,
Desfez-se
a dor,
Desfez-se
em uma lembrança de saudade
Saudade-poeta,
Saudade-escada,
Saudade-jornal,
Saudade
una.
Levou
o vento forte da Aruanda
A
saudade pro norte da Irlanda
Ou
para a Irlanda do Norte?
E
lá a saudade se fez som,
A
saudade se fez música,
Saudade-ritmo
Saudade-timbre
Saudade-tom.
Dorme
a saudade num cantinho do coração
De
uma terra esquecida de nome Riachão,
Doce
como pirulito de feira,
Quentinha
como o bolo das três,
Fresca
como as laranjeiras,
Pacata
como o terço das seis,
Saudade-vívida,
Saudade-terna,
Saudade-avita,
Saudade-eterna.