Diego

O sal que sai do sol solda minha pele
Camuflada por passos, vozes e dióxido de carbono
Sorrio. Dentes brancos, pretos, amarelos
Quanto dente torto, meu Deus! Me exclamam os carros.
Mas meu sorriso frouxo nem responde nada.

Moedas caem de medo, moedas vêm em segredo
Titilam, brilham, gritam!
E o vermelho se faz verde,
E no verde da grama deito
E lembro que todos os dias eu sou esquecido.

Minha identidade está em minhas mãos,
Banhadas de teu doce açúcar,
De meu açúcar amargo,
De tua carne vermelha
Salgada pelo suor
De minha carne crua e encardida
Vendida a centavos
Que meus dedos já não podem mais contar.

O vidro que te esconde fez-se espelho
Mostrou a minha cara, a cor de minha fome
Do cinza das nuvens fiz meu teto,
Do pano sujo que carrego fiz meu nome.