Luz de veludo

Queime em minha face nua teu escaldante hálito
Pra que em minha epiderme ferva a febre de teus lábios
Estatize-me a pele e ossos com o deslize de tuas plumas
E que tua voz macia me arrebate a alma de um modo tácito.

Não mais cantarei a canção fúnebre, o suicídio, o fim
A retirada em marcha dessa vida infindavelmente trágica
Teu olhar vorazmente atingiu-me a alma como em mágica
Meus suspiros clamam por teus seios, tua nudez em mim

Noite fria, manto de alvas nebulosas sob o cosmo, escurece
Cobriram-se teus dedos da poeira estelar que em teu suor se refletem,
Molhou-se o calcanhar do gotejar das nuvens, das águas que partem
Rumo ao abismo de teus ombros que oniricamente me aquece!