Maria

Amar ia, ao mar ia
Amaria a Maria
Ah, amaria!
Ah, a Maria!

Consolo de um amigo fuso horário

Amanhã está sendo um dia lindo.

Sinestesia da saudade


Amargam-se os anos
Tecidos de saudade
Tão guardados
Longe dos beijos de um amor
Ou dos abraços de um amigo
Longe ainda do carinho dos avós,
De um presentinho escondido,
Tão perto essa saudade
Daquilo que jaz longe fenecido.

Longe, ao sul da pátria,
Salga-me o peito o sal da saudade
Tão perto, ao sul do Estado,
Dói-me a saudade 
De quem parecia ser
E não foi de verdade.

Longe, oposto ao mar,
Saudade fria, saudade!
Com cor azul da liberdade,
Branca da igualdade
E fraternidade vermelha.
Fraternidade do beijo de irmão
Do abraço fraterno,
Saudade-Futebol,
Saudade-verde,
Saudade-violão.

E nos Alpes a saudade se fez poeta
Carregando no vermelho a alva cruz,
E dos passos de Jesus, fez-se a meta,
E a meta fez-se a caridade,
Fez-se o amor,
Fez-se a solidariedade,
Desfez-se a dor,
Desfez-se em uma lembrança de saudade
Saudade-poeta,
Saudade-escada,
Saudade-jornal,
Saudade una.

Levou o vento forte da Aruanda
A saudade pro norte da Irlanda
Ou para a Irlanda do Norte?
E lá a saudade se fez som,
A saudade se fez música,
Saudade-ritmo
Saudade-timbre
Saudade-tom.

Dorme a saudade num cantinho do coração
De uma terra esquecida de nome Riachão,
Doce como pirulito de feira,
Quentinha como o bolo das três,
Fresca como as laranjeiras,
Pacata como o terço das seis,
Saudade-vívida,
Saudade-terna,
Saudade-avita,
Saudade-eterna.