Confissões da loucura


Ao abrir os olhos, suspirei
E pus-me a caminhar
Entre as árvores
Sem destino,
Sem nome,
Sem lenço.

Ajoelho-me perante um rio
E lá estão meus risos
E mágoas
Meu presente
Meu passado
Meu futuro.

Ah, se eu pudesse
Mergulhar neste rio novamente!
Para ao menos te olhar nos olhos
Tão negros e pequeninos
Para ao menos tocar-lhe os cabelos
Tão ruivos,
Tão macios,
Tão teus!

Mas eu não posso, meu bem!
Fomos separados
Pela mais bela das imortais
Separados pelo silêncio amargo
Separados, minha amada...
Pelas minhas próprias mãos

Trêmulo, derramo uma lágrima...
Uma lágrima de dor,
Cortando-me os olhos,
Uma lágrima de arrependimento,
Esmagando-me ao chão
Talvez a minha última lágrima.

Mas agora não há mais o que temer...
O destino me espera
Detrás de uma porta,
Na outra margem do rio.

Posso até sentir as chamas
Fervendo-me a pele...