Conjuração

Vem, brisa parda da aurora! Vem!
Para que eu não ouça mais da inocência a cólera.

Eu quero ouvir explosões estelares além da heliosfera
Carregar sobre os ventos solares o meu canto e náusea
Jazer-me as aflições destiladas na heliopausa
E esquecer a cor caótica da atmosfera!

Eu quero me esculpir envolto ao núcleo dos cometas
Desvanecer meu ego pelas órbitas curvilíneas
Sepultar nos astros, do coma às caudas finas
A impetuosidade astronômica dos planetas!

Eu quero conjurar meu verbo de Andrômeda a Hydra
Pelo vácuo micrométrico das poeiras interestelares
Pungir-me em brasa viva nas profundezas tépidas dos mares
Esmorecer as agitações atômicas da clepsidra!

Em reação cromodinâmica rasgo-lhe do infinito véu e manto
Do macrocosmo, pai das constelações, galáxias e sistemas,
Reduzo-me à natureza mínima dos morfemas
E fragmento-me nas areias desertas do Atlântico!