Anjo sem asas

 O céu se partiu em águas cinzentas
No alvorecer do Sol que pranteava,
Os anjos descoloriam as nuvens bentas
E seu pesar sobre nós se desabava.

Ao meio-dia cessou-se o gotejar
Do firmamento que outrora aluía,
O azul em vermelho se fez sangrar
Ao ver o anjinho sem asas que caía. 

Como aquarela, desbotou-se o dia
Co'as lágrimas da mãe que ao céu clamava
E ao consolo do Senhor recorria.

Em seus joelhos para o alto olhava 
Silenciosamente ela assistia
O anjo sem asas que ao céu regressava.