Pequeno homem sendo apagado: Quarta parte (final)

Sentiu uma tremenda dor, que se alastrou por todo o corpo. Rolou pelo chão, gemendo.
- Não se preocupe, ficaremos bem. – cochichou olhando para o corpo do amigo
A sensação era semelhante à de vários choques elétricos sucessivos. Sentia também como se várias agulhas já tivessem sido injetadas em seu corpo antes. Suspirou.
Começou a ouvir vozes: “Calma, meu filho, vai dar tudo certo.” “Tenha paciência, senhor, ele vai ficar bem”.
- O que será isto? – sentiu-se incomodado – Parem de gritar! Quem está aí?
O rapaz tentava levantar-se em vão. Todas as imagens em sua volta começavam a sumir aos poucos. “O que está havendo”? Perguntava-se. Fixando seu olhar no casal Luan chorou. E num piscar de olhos tudo em sua volta sumiu de vez. Luan, naquela noite, nunca havia se sentido tão bem quanto naquele instante; mas por pouco tempo.
“Vamos, Juan! Acorde, meu filho!”
- Pai? É você quem está aí? – perguntou o rapaz surpreso
Não se ouviu resposta. O silêncio e a escuridão predominavam. E foi rompido com um choque elétrico contra seu peito e um grito. Tremeu. Sua respiração cessou. Lentamente seus olhos se abriram. Ele estava agora deitado sob a cama de um hospital, ligado a vários aparelhos. Vários médicos. Seu corpo, dolorido. Seus olhos, cheios de lágrimas. Seu pai, aos prantos. Abraçando-lhe a mão contra o peito, vestido com um simples casaco vermelho.
- Juan, saiba que teu pai aqui te ama.
- Senhor, ele perdeu muito sangue, por isso acho que...
Lentamente as palavras embaralhavam-se na mente do filho, não conseguia mais respirar e seu coração batia cada vez mais devagar...
Uma mulher o observava em silêncio, como se estivessem ali apenas eles dois.
- Quem és tu, bela dama, que no vago do silêncio me observa, e fitando-me com teu olhar me paralisa, fazendo-me transpirar e viajar pelo mais distante infinito? – disse-lhe Juan cerrando os olhos cansados, movendo apenas os lábios...

***
4º dia
Juan acorda, ainda naquela cama. Todas as dores, a agonia, a tristeza... Todas elas sumiram com o vento. Levantou-se. Já não havia mais aparelhos que o impedissem de fazê-lo. Caminhou observando tudo em sua volta. Ninguém por perto.
- A quem procuras, amigo? – soou uma voz
- Quem está aí?
- A chave da fechadura da tua porta... Sou a tua face enquanto dormes... Somos amigos até a morte.
- Luan? – admirou-se ao olhar para trás.
- E qualquer caminho que tomes, estarei lá, abrindo o teu crânio, estarei lá, subindo pelas paredes.
Sim, era Luan. Sorrindo, Juan aproximou-se e o abraçou. Abraçou forte aquele que sempre esteve ao seu lado. Seu melhor amigo. Seu eterno amigo: Luan, seu subconsciente.
E juntos retiraram-se.
Sem pressa.
Sem dor.
Sem medo...
Agora sim. Tudo corria bem. Já não se podia mais provar do fruto proibido. Sim, aquela maçã: o pecado. O amor!
Não havia mais nada a temer nem a duvidar.
***
Chovia forte. Eram cerca de quatro e meia da tarde. Ruth caminhava pacientemente segurando seu guarda-chuva vermelho. Ao passar por um poste comoveu-se. Um homem estava ali. Trajava um simples casaco vermelho, pés descalços, calça jeans. Tremia com o frio.
- Senhor, o que fazes aí?
- Juan... Juan...
- Venha comigo, eu posso ajudá-lo...
- Por que, Senhor? Por que você fez isso? - falava ele baixinho
Ruth, sentindo muita pena, imediatamente o socorreu. Pegou-lhe a mão. Resolveu levá-lo ao hospital mais próximo. A moça o conduzia. O pobre indivíduo apenas cochichava.
- Juan... Juan... Te amo... Meu filho.

6 comentários:

Anônimo disse...

etha caramba
o conto e perfeito
aquele nao era juan era o pai dele que ficou assim quando ele morreu
junto com luan seu "amigo oculto" sei inconciente
achei legal tratar o amor como o pecado
ela era o pecado...

Anônimo disse...

etha caramba
o conto e perfeito
aquele nao era juan era o pai dele que ficou assim quando ele morreu
junto com luan seu "amigo oculto" sei inconciente
achei legal tratar o amor como o pecado
ela era o pecado...

Anônimo disse...

pronto!
li td!!!!!
mto massa...escreve mtoooo! ^^
flws

Anônimo disse...

Puta q pariu! A academia brasileira d letras esta orgulhosa d vc o.o pohaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa parece uma mistura d Goeth e Alvarez com um toque de Artur Rimbaut mto bom msm =D ultra romancista XD

Anônimo disse...

Genial!!
Gostei mto da sensibilidade com a qual vc escolheu as metáforas da história, compartilho um pouco de sua visão aí!
Uma mensagem de alívo, certamente!

Anônimo disse...

Lembro da primeira história que me deste para ler...quanta diferença!Estás te aperfeiçoando como escritor. Teu estilo está se definindo.Talvez pelo que andes lendo?Adorei o lance da cor vermelha,mas por que o amor e o pecado são sinônimos?Detesto ser pé no saco, mas, é inerente, não consigo evitar:dá uma revisada em alguns pronomes. De resto, está BELEZÃO!!!!