Sono profundo


Desperto do abismo
De meus sonhos sem sentido
E deitado sobre a grama
Na margem de um rio
Admiro as estrelas

Com meus dedos
Toco-te os pés
E escorregando pelas tuas coxas
Encontro tuas mãos
Aproximo nossos corpos
E te carrego nos braços

Deito-te num bote
E me ponho a remar
Pelas águas deste rio
Límpidas e serenas
E com uma gota entre os lábios
Tu nos iluminas

Abençoados pela lua
Nos aquecemos com um beijo
E alucinado com teus suspiros
Eu me afogo em teus cabelos

Suspirando em teu pescoço
De olhos entreabertos
Eu me entrego às águas
E entre um sorriso e um abraço
Tu vens de encontro com meus braços

Extasiados com o veneno do amor
Afundamos sem medo
Agora somos apenas um
Na mais infinita eternidade.

Devaneios de uma saudade


Numa tarde escaldante de dezembro,

 Duas  horas e meia após o almoço

Olhando sua janela eu só me lembro

Teu lábio incendiando meu pescoço.

 

Noite anterior,  escada do teu prédio

                                      Senti o sabor de um  beijo alucinante

 Tu, loira tão linda, fizeste de amante

A mim, pobre rapaz de padrão médio.

 

Para, escondidos, beijarmos na boca,

Nós dois sempre encontramos nossos meios,

Tal qual anteontem, que coisa louca...

Minha língua passeou por teus seios!

 

E agora nesta tarde não te vejo

Mas meu corpo jovem arde em desejo

Eu te quero me entregar de verdade

Por isso aqui escrevo entregue à saudade