Areia morna, luz baixa do crepúsculo
A solidão desértica me torna minúsculo
Sobre o sal das ondas revela-se um menino.
Nome de águia, cabelo de milho,
Mergulhou na areia, pôs as mãos em terra,
Nas areias do tempo, que aos olhos cerra
Modelou-se como barro, de irmão a filho.
Corajoso como um rei, num cavalo belo
Surgiu do horizonte, ao Sol alinhado
Um pequeno infante, o meu filho amado
E na areia fina edificou-se um castelo.
Majestosas torres, muro resistente ao vento
No âmago de minh’alma o castelo se erigia
Embora em nossas veias mesmo sangue não corria
Os pilares se sustentavam no mais puro sentimento.
Noite sem luar, chorava amarga a maré fria
O sal de suas lágrimas ao castelo desmoronava
Nas areias do tempo o seu sonho sucumbia
Análogo ao poeta, que outrora o pai abandonava
E num castelo de areia sonhou ter
sido pai um dia.
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