Felicidade Clandestina

 
A tarde azul era cheia de graça
Bem como ao nome que a ti se escolhera
Azul também era tua roupa na praça
No dia em que a gente se conhecera.

Pouco sorriso, mas nem tanto o siso
Dos primeiros encontros que tivemos 
Em casa do irmão, repartindo risos
Que afloraram enquanto convivemos.

Três de novembro ao altar vos levei
À luz dos anos família eu vos fiz
Mar de cristal convosco velejei
Até o mal atingir nossa raiz.

Sou em tuas mãos o sangue inocente
Quem mal dito foi sem sequer dizer
Chorando mudo o silêncio à tua frente
Palavras que feriram sem doer.

Versos que vos fiz jazem esquecidos
Nas entranhas das areias do tempo
Memórias, fotos e abraços queridos,
Sepultados sem nota de lamento.

Teu seco silêncio amargo atordoa
O som do que não disseste ainda ecoa
Em proporções tais sobrenaturais
No grito de minh'alma ele subsiste
Dentro de mim o silêncio ainda existe
Onde tu, irmão, não existe mais.


0 comentários: