Entre risos, sorrisos e bolas de lama, ambos assistiram voar o tempo daquela manhã que mal começara.
Após duas ou três horas de brincadeiras, posto que o sol já estava
se aproximando do centro do céu e a faixa de areia onde brincavam já não estava
mais fofa e úmida como estivera no começo da manhã, assentaram-se perto do mar,
onde as gaivotas vagavam junto às ondas.
Posicionaram-se sentados um ao lado do outro, de frente para o mar. O garotinho
com cabelo de índio resolveu iniciar o diálogo indagando-lhe qual o seu nome.
Ouviu-se, inicialmente, uma tentativa de balbuciar alguma palavra como resposta,
de modo que não se entendia se o amigo era tímido ou estava com alguma
dificuldade para responder. Ele estendeu o braço e, com o dedo indicador
esquerdo, pôs-se a riscar o chão arenoso, chamando a atenção do amigo
cutucando-o com o cotovelo assim que concluiu as quatro letras que rabiscara. O
outrogaroto entrou na brincadeira e também escreveu seu nome na areia, o qual
também continha quatro letras de modo que foi assim que ambos revelaram seus
nomes um ao outro.
Inesperadamente, as ondas, que àquela hora já invadiam com força a
larga faixa de areia da praia, surgiram de surpresa e derrubaram os garotos na
areia, os quais, deitados no chão de braços abertos e às gargalhadas,
demonstraram ter adorado a brincadeira. Enquanto as duas crianças divertiam-se,
as ondas recuavam, retornando para o oceano. Após descansarem por alguns
instantes, os garotos tornaram a sentar
lado a lado, erguendo suas cabeças em direção ao sol para enxugarem seus rostos e assistindo ao
tempo sobrevoar o mar salgado como as gaivotas sobre as ondas. O primeiro
levantou-se, e, passando os dedos por entre os cabelos lisos e castanhos,
apontou para o mar, desafiando o amigo para uma corrida. O outro, agachado,
tornava a escrever na arei, enquanto via o amigo já a distância adentrar o mar
correndo e pulando. Não querendo ficar para trás, ele ergueu-se apressado e
despreocupado que a água morna e salgada desmanchava o que ali havia sido
registrado:
Davi e Jacó, amigos para sempre.
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